SALGADÁLIA - CONCEIÇÃO DO COITÉ (BA)
Salgadália
em Conceição do Coité: 59 anos na condição de Distrito
Estação Ferroviária de Salgadália |
Por Orlando Matos Barreto
A história de Salgadália está diretamente ligada à
história distribuição de terras feita pelos Governadores Gerais, pelo regime de
sesmarias, em meados do século XVIII, com o objetivo de colonizar o sertão. A
sesmaria era um doação feita através de documentos chamados Cartas
de Foral que regulavam a administração do território,
estabelecia limites e concedia privilégios aos seus donatários ou sesmeiros.
Assim, a
área que compreende todo o atual Distrito de Salgadália, com o nome de Salgado,
foi doado a Francisco Gonçalves Leite. Com a morte deste foram beneficiados os
seus familiares: Ignácio dos Reis Leite (neto), 1749; Francisco Xavier dos Reis
(filho), 1749; Franccisco Gonçalves Leite (neto), 1753; e Domingos Alves
Moreira (genro).
Em 1842
faleceu no sítio Sicupira (hoje, município de Serrinha), Manoel Ferreira da
Costa, cujo inventário, concluido em 1850, beneficiou a viuva, Dona Francisca
Maria do Espirito Santo e demais herdeiros. O inventário cita as terras da
fazenda Scupira e Salgado, ou Salgada, semoventes e outros bens.
Por
força da Lei Imperial nº 601, de 18 de setembro de 1850, chamada Lei das
Terras, e do Decreto 1318, de 30 de janeiro de 1854, os herdeiros dde Manoel
Ferreira da Costa foram obrigados a proceder o registro de suas terras, já no
ano de 1858. Foram eles: Lino da Costa Ferreira, Maria dos Santos, José Antonio
da Costa, Ana Maria, João Manoel da Costa, José da Costa Ferreira, Antonio da
Costa, Manoel José da Costa, Antonio Manoel da Costa, (filhos); Manoel José dos Santos (neto); e José Caetano
da Cunha (genro).
A partir do ano 1884, o movimento de construção da
estrada de ferro - que não passou pelo arraial do Coité por imposição dos coronéis
da época - trazia para a velha fazenda Salgada, além da dúvida sobre os
prejuizos que esta modalidade de transporte podeira trazer aos seus
proprietários, uma esperança acerca dos benefícios que dela se pudesse auferir.
A primeira estação era apenas um depósito situado nas imediações do lugar
conhecido como Salgada Velha. O movimento que foi crescendo paulatinamente, só
atingiu o seu ponto mais elevado quando a ferrovia chegou a Juazeiro, em 1896.
A partir daí a Salgada viveu seus dias de glória transformando-se
no portal do desenvolvimento do pequeno arraial de Nossa Senhora da
Conceição do Coité, possibilitando a emancipação deste, em 1890.
Foram os trilhos da ferrovia os notáveis caminhos
da exportação que produziu grandes riquezas para o município recém-criado; e da
importação que abasteceu os coiteenses de mercadorias de qualidade,
proporcionando conforto e dignidade aos seus moradores.
Foram os vagões lotados que fizeram desenvolver o
conhecimento do nosso povo; foram as locomotivas que, num constante vai-e-vem,
fizeram difundir e enaltecer a nossa cultura.
O Coité crescia. Mas a Salgada crescia,
proporcionalmente, muito mais.
Finalmente o prefeito Wercelêncio Calixto da Mota
envia para a Câmara Municipal o Projeto de Lei criando o Distrito de Salgadália,
matéria que foi votada no dia 07 de abril de 1953, quando eram vereadores:
Theócrito Calixto da Cunha, pelo Distrito Sede: João Carvalho, pelo povoado de
Lagoa do Meio; Durval Silva Pinto, pelo Distrito Sede; José Ferreira de
Oliveira, pelo Distrito de Salgadália; José Ramos Filho, pelo Distrito de
Valente; Joviniano Cedraz Filho, pelo Distrito de Juazeirinho; Juvino Modesto
Avelino, pelo Distrito de Retirolândia; Bento Eloy de Araujo, pelo Distrito de
Retirolândia; Olegário Oliveira, pelo Distrito de Salgadália; Bailon Lopes
Carneiro, pelo povoado de Juazeirinho; Antonio Nunes Filho, pelo Distrito Sede
e Walffredo Ramos Guimarães, pelo povoado de Aroeira.
Por essa época o movimento da ferrovia estava a
todo vapor e a Salgadália não podia parar. A dinâmica da ecomonia municipal
dependia muito da rotatividade das mercadorias que entravam e saiam pela
estação ferroviária. Ninguém jamais imaginaria que o governo fosse desestimular
o uso das estradas de ferro. Mas num rítmo apressado de desaceleração, os trens
foram perdendo espaço para os caminhões já fabricados no Brasil, até o dia em
que, literalmente, o trem parou.
A perícia e o olhar empreendedor dos coiteenses foi
providencial quando, antecipando-se à dura fase por que passaria a região, investiram maciçamente na produção de sisal,
fugindo da rotina do comércio, da pecuária e da agricultura de subsistência.
Muito rápidamente o município de Conceição do Coité começou a se destacar como
o maior produtor de sisal do e o Distrito de Salgadália, o grande baluarte,
como maior produtor no município.
Foram também os grandes campos de sisal da
Salgadália os responsáveis pelas exportações nacionais e internacionais que,
durante décadas, geraram empregos e riquezas para todo o povo coiteense.
PARABÉNS SALGADÁLIA! PARABBÉNS!
HÁ UMA MULTIDÃO TORCENDO PELA SUA AUTONOMIA POLÍTICA.
Araujo, Antonio José de. A Familia de Serrinha. Serrinha. Tip. Do “O serrinhense”,
1926;
Franco,
Tasso. Serrinha A colonização portuguesa numa cidade do sertão da Bahia.
Salvador. EGBA/Assembleia Legislativa da Bahia, 1996;Conceição do Coité. Anais da Câmara Municipal. 1951 a 1954;
3 Comentários:
Salgadália possui todos esses méritos mencionados! A estrada de ferro, a riqueza do sisal. Mas está sendo esquecido a riqueza do ouro e do minério em seu território.
João Carlos Cardoso - Senhor do Bonfim (BA)
É muito bom conhecer a história dessa linda e maravilhosa terra, é um lugar que eu nunca quero sair.
Salgadalia terra onde nacir ida Pinheiro Mota.
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