sábado, 7 de abril de 2012

SALGADÁLIA - CONCEIÇÃO DO COITÉ (BA)


Salgadália em Conceição do Coité: 59 anos na condição de Distrito
Estação Ferroviária de Salgadália 

Por Orlando Matos Barreto

A história de Salgadália está diretamente ligada à história distribuição de terras feita pelos Governadores Gerais, pelo regime de sesmarias, em meados do século XVIII, com o objetivo de colonizar o sertão. A sesmaria era um doação feita através de documentos chamados Cartas de Foral que regulavam a administração do território, estabelecia limites e concedia privilégios aos seus donatários ou sesmeiros.
Assim, a área que compreende todo o atual Distrito de Salgadália, com o nome de Salgado, foi doado a Francisco Gonçalves Leite. Com a morte deste foram beneficiados os seus familiares: Ignácio dos Reis Leite (neto), 1749; Francisco Xavier dos Reis (filho), 1749; Franccisco Gonçalves Leite (neto), 1753; e Domingos Alves Moreira (genro).
Em 1842 faleceu no sítio Sicupira (hoje, município de Serrinha), Manoel Ferreira da Costa, cujo inventário, concluido em 1850, beneficiou a viuva, Dona Francisca Maria do Espirito Santo e demais herdeiros. O inventário cita as terras da fazenda Scupira e Salgado, ou Salgada, semoventes e outros bens.
Por força da Lei Imperial nº 601, de 18 de setembro de 1850, chamada Lei das Terras, e do Decreto 1318, de 30 de janeiro de 1854, os herdeiros dde Manoel Ferreira da Costa foram obrigados a proceder o registro de suas terras, já no ano de 1858. Foram eles: Lino da Costa Ferreira, Maria dos Santos, José Antonio da Costa, Ana Maria, João Manoel da Costa, José da Costa Ferreira, Antonio da Costa, Manoel José da Costa, Antonio Manoel da Costa, (filhos);  Manoel José dos Santos (neto); e José Caetano da Cunha (genro).    
            A partir do ano 1884, o movimento de construção da estrada de ferro - que não passou pelo arraial do Coité por imposição dos coronéis da época - trazia para a velha fazenda Salgada, além da dúvida sobre os prejuizos que esta modalidade de transporte podeira trazer aos seus proprietários, uma esperança acerca dos benefícios que dela se pudesse auferir. A primeira estação era apenas um depósito situado nas imediações do lugar conhecido como Salgada Velha. O movimento que foi crescendo paulatinamente, só atingiu o seu ponto mais elevado quando a ferrovia chegou a Juazeiro, em 1896.
            A partir daí a Salgada viveu seus dias de glória transformando-se no portal do desenvolvimento do pequeno arraial de Nossa Senhora da Conceição do Coité, possibilitando a emancipação deste, em 1890.
Foram os trilhos da ferrovia os notáveis caminhos da exportação que produziu grandes riquezas para o município recém-criado; e da importação que abasteceu os coiteenses de mercadorias de qualidade, proporcionando conforto e dignidade aos seus moradores.
Foram os vagões lotados que fizeram desenvolver o conhecimento do nosso povo; foram as locomotivas que, num constante vai-e-vem, fizeram difundir e enaltecer a nossa cultura.
O Coité crescia. Mas a Salgada crescia, proporcionalmente, muito mais.
Finalmente o prefeito Wercelêncio Calixto da Mota envia para a Câmara Municipal o Projeto de Lei criando o Distrito de Salgadália, matéria que foi votada no dia 07 de abril de 1953, quando eram vereadores: Theócrito Calixto da Cunha, pelo Distrito Sede: João Carvalho, pelo povoado de Lagoa do Meio; Durval Silva Pinto, pelo Distrito Sede; José Ferreira de Oliveira, pelo Distrito de Salgadália; José Ramos Filho, pelo Distrito de Valente; Joviniano Cedraz Filho, pelo Distrito de Juazeirinho; Juvino Modesto Avelino, pelo Distrito de Retirolândia; Bento Eloy de Araujo, pelo Distrito de Retirolândia; Olegário Oliveira, pelo Distrito de Salgadália; Bailon Lopes Carneiro, pelo povoado de Juazeirinho; Antonio Nunes Filho, pelo Distrito Sede e Walffredo Ramos Guimarães, pelo povoado de Aroeira.
Por essa época o movimento da ferrovia estava a todo vapor e a Salgadália não podia parar. A dinâmica da ecomonia municipal dependia muito da rotatividade das mercadorias que entravam e saiam pela estação ferroviária. Ninguém jamais imaginaria que o governo fosse desestimular o uso das estradas de ferro. Mas num rítmo apressado de desaceleração, os trens foram perdendo espaço para os caminhões já fabricados no Brasil, até o dia em que, literalmente, o trem parou.
A perícia e o olhar empreendedor dos coiteenses foi providencial quando, antecipando-se à dura fase por que passaria a região,  investiram maciçamente na produção de sisal, fugindo da rotina do comércio, da pecuária e da agricultura de subsistência. Muito rápidamente o município de Conceição do Coité começou a se destacar como o maior produtor de sisal do e o Distrito de Salgadália, o grande baluarte, como maior produtor no município.
Foram também os grandes campos de sisal da Salgadália os responsáveis pelas exportações nacionais e internacionais que, durante décadas, geraram empregos e riquezas para todo o povo coiteense.

PARABÉNS SALGADÁLIA! PARABBÉNS!
HÁ UMA MULTIDÃO TORCENDO PELA SUA AUTONOMIA POLÍTICA.

 Fontes:
Barreto, Orlando Matos. Conceição do Coité da ccolonização à emencipação 1730-1890. Conceição do Coité, BA. Nossa Editora Gráfica, 2007;
Araujo, Antonio José de. A Familia de Serrinha. Serrinha. Tip. Do “O serrinhense”,
1926;
Franco, Tasso. Serrinha A colonização portuguesa numa cidade do sertão da Bahia. Salvador. EGBA/Assembleia Legislativa da Bahia, 1996;
Conceição do Coité. Anais da Câmara Municipal. 1951 a 1954;

 Conceição do Coité, 07 de abril de 2012

3 Comentários:

Às 10 de maio de 2015 às 13:38 , Anonymous Anônimo disse...

Salgadália possui todos esses méritos mencionados! A estrada de ferro, a riqueza do sisal. Mas está sendo esquecido a riqueza do ouro e do minério em seu território.

João Carlos Cardoso - Senhor do Bonfim (BA)

 
Às 9 de março de 2016 às 15:50 , Anonymous Wesley Oliveira Silva - Salgadalia disse...

É muito bom conhecer a história dessa linda e maravilhosa terra, é um lugar que eu nunca quero sair.

 
Às 28 de setembro de 2019 às 17:46 , Blogger Unknown disse...

Salgadalia terra onde nacir ida Pinheiro Mota.

 

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